A Coletiva Feminista Radical Matinta, tem o prazer de convidar todas para seu retorno as atividades das Rodas de Conversa que tem como proposta a discussão de temas relativos a teoria Feminista Radical com textos introdutórios, simples e diretos.
O tema proposto para a roda que acontecerá no dia 19 de agosto é "FEMINISMO RADICAL: o pessoal é político" que terá como textos bases os artigos:
"Pessoal é político" de Carol Hanisch (faça o download aqui )
"A causa Raiz" de Andrea Dworkin (faça o download aqui )
A dinâmica da roda sugere que para um maior aproveitamento das discussões, com o intuito de aprendermos e dialogarmos mais e melhor, estes textos base sejam lidos até o dia do evento. E para aquelas que tem interesse em complementar e se aprofundar nas leituras radicais, recomendamos o texto "Feminismo radical: História, Política e Ação" (faça o download aqui ).
A roda será realizada às 15 horas no espaço Horto municipal (Praça Milton Trindade) que fica localizado na Rua dos Mundurucus entre a Tv. Rui Barbosa e a Tv. Doutor Morais, s/n, no bairro Batista Campos.
A Coletiva Feminista Radical Matinta convida todas as mulheres para participar do 1° Encontro de Mulheres Feministas da Amazônia. O tema desta edição será "Formas de Luta e Resistência", tendo como ponto de partida as narrativas de mulheres militantes da Amazônia. Acreditamos na urgência de um debate feito a partir da nossa realidade, considerando conquistas e desafios. Venham conosco conversar, ouvir, refletir e debater sobre feminismo na Amazônia. Ocorrerá no dia 19 de junho de 2017 no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania que fica localizado na Avenida Almirante Barroso, 1765, entre Travessas Angustura e Barão do Triunfo no bairro do Marco. O evento começará as 8 horas da manhã e terminará as 18 horas com pausa para o almoço ao meio dia. INSCRIÇÕES: $15 (QUINZE REAIS)
Serão feitas online, com o preenchimento do formulário de inscrição disponível no link abaixo e com a confirmação do pagamento por depósito ou transferência bancária, através do envio do comprovante de pagamento por email. Ou poderá ser feita no dia do evento.
HAVERÁ EMISSÃO DE CERTIFICADO NO FINAL DO ENCONTRO, PARA QUEM TIVER FREQUÊNCIA NO EVENTO.
BANCO SANTANDER
Agência: 3835
Conta Corrente: 01078281-0
Yanne B Ferreira
Email para envio dos comprovantes de pagamento de inscrição: coletivamatinta@gmail.com
PROGRAMAÇÃO:
8h - 9h: Credenciamento.
9h - 10h: Conferência de abertura, com Tamy Monteiro.
10h -12h: Mesa redonda "Mulheres lésbicas existem e resistem", com a participação de Anny Lisboa, Annícia Ferreira, Elaine Nunes e Simara Bernardes, tendo como mediadora Yanne Ferreira.
14h - 15h30: Mesa redonda "Mães feministas mudam o mundo", com a participação de Bia Arcanjo, Danielly Cristina e Pricilla Costa, tendo como mediadora Marina Ferreira.
15h30 - 16h30: Oficina "Ciberativismo: Teoria e Prática", com Nathália Fonseca.
16h30 - 17h30: Conferência de encerramento "Mulheres Negras da Amazônia e representatividade histórica: da historiografia ao campo literário", com Roberta Tavares.
Na semana do Dias das Mães, a Coletiva Feminista Radical Matinta propôs divulgar relatos de mulheres narrando suas experiências como mães, o objetivo desses depoimentos é refletir sobre maternidade sem a romantização que é feita em larga escala, principalmente durante o mês de maio.
A campanha iniciou no dia 08/05 e foi até o dia 15/05. Durante esses oito dias os relatos recebidos pelo chat da página da coletiva no Facebook, foram publicados diariamente. A cada história intensa contada anonimamente ou não, mostrava-se como a maternidade é difícil, dolorosa e solitária. Mais ainda, demonstrar através desses depoimentos como todas as mulheres são afetadas pela maternidade compulsória e como esse conceito se concretiza nas nossas vidas. Assim, longe do que é retratado nas propagandas de Dia das Mães, as narrativas expõem que a experiência desde a descoberta da gravidez, a gestação, até o parto, o pós-parto, e puerpério pode ser marcada por uma série de traumas e dificuldades.
A Coletiva agradece imensamente a todas as mães que dividiram suas experiências conosco, por acreditar na iniciativa e confiar a nós a divulgação dos seus textos. Agradecemos também a todas que participaram compartilhando, comentando, curtindo e repercutindo a campanha.
Estamos felizes com os resultados e esperamos que no ano que vem possamos repetir de forma ampliada para dar oportunidade a mais mães que queiram dividir sua história.
MÃES FEMINISTAS MUDAM O MUNDO! MÃES DE LUTA SÃO A REVOLUÇÃO!
Abaixo as imagens vinculadas aos relatos e os links para acessá-los na íntegra:
A Roda de conversa "O Segundo Sexo" aconteceu no último sábado. Devido a um contratempo o local foi alterado para a praça do Horto, o qual deve seguir sendo a sede das futuras rodas propostas pela Coletiva Feminista Radical Matinta. Agradecemos a participação de todas neste trabalho de formação de base. E para seguir desenvolvendo este espaço de debate e reflexões políticas exclusivo para mulheres, convidamos todas para participar da roda de conversa "O Segundo Sexo: Parte 2", que acontecerá no dia 27/05/2017 ás 15h30, na praça do Horto. Não percam!
Hoje, às 16h no pátio do Centur, a Coletiva Feminista Radical Matinta promoverá uma roda de conversa que terá como objetivo dialogar sobre questões relativas à opressão sexual sofrida pelas pessoas do sexo feminino. Convidamos as mulheres de Belém para participar.
Endereço: Av. Gentil Bitencourt, 650 - Batista Campos, Belém.
Recentemente, a escritora e ativista ChimamandaNgoziAdichiefez uma fala sobre gênero que gerou polêmica entre os mais diversos grupos sociais. Em uma parte do texto, Adichie afirmou que a socialização de pessoas do sexo masculino que “transicionaram” e de pessoas que já nasceram com o sexo feminino eram diferentes e que, por isso, suas experiências ao longo da vida seriam distintas. Esta fala foi o suficiente para que uma mulher negra, feminista e ativista do movimento LGBT fosse ferrenhamente atacadapelo próprio movimento que defende. Os transativistasafirmaram que seu discurso percorria os rumos da transfobia, pois em sua fala ela sugeria quem seriam as mulheres de verdade.
Em resposta publicada no The Guardian News1, Chimamanda disse que não tinha nada pelo que se desculpar e que a hostilidade da reação só serve para "fechar o debate", afirmando que não há como dialogar, uma vez que ela se recusa a usar a linguagem ortodoxa que o movimento exige para manter o debate. Adichie falou ainda: "Se não podemos ter conversas, não podemos ter progresso".
Nesse ponto Chimamanda referia-se à problemática da ortodoxia da linguagem frequentemente utilizada pelo feminismo acadêmico e na esquerda política norte-americana. Sua postura diante disso é um posicionamento político de alguém que se recusa a ser cooptada por essa linguagem e que em seus livros insiste nessa resistência. Reitera que já refletirasobre esta forma de linguagem e mantém a crítica: "(...) eu não acho que seja útil insistir que, a menos que você queira usar a linguagem exata que eu quero que você use, eu não vou ouvir o que você está dizendo”.
Os ataques que a escritora vem sofrendo demonstram o quanto nós mulheres estamos suscetíveis à violência quando ousamos pronunciar uma ideia contra hegemônica, que só servimos para falar de feminismo publicamente até o momento em que concordamos com os ideais neoliberais de que homens sofrem a mesma opressão (ou mais) que fêmeas humanas. Ainda que saibamos o quanto isso não é real.
Não é somente uma questão de linguagem. Para Chimamanda,o mais óbvio é isto, visto que mesmo ela considerando em momentos de sua fala que “mulheres trans são mulheres” (ponto no qual vamos concordar em discordar dela) e que defende seus direitos, recusa-se a usar a palavra “cis” e afirma que se a tivesse usado não teria sofrido o mesmo rechaço pelo movimento. O que acontece é que ela discorda que pessoas do sexo masculino que se auto identificam como mulheres tenham sofrido a mesma opressão durante sua socialização do que nós mulheres – nascidas com aparelho reprodutor feminino e socializadas como mulheres. Sendo assim, há aí um problema de linguagem sim, mas também algo muito mais complexo, um problema político.
No momento em que a escritora, e todas nós que assumimos um discurso contra hegemônico, somos colocadas em cheque, nos é tirado nosso direito fundamental dentro de qualquer movimento político: a autonomia política. A mulher precisa ter o direito de decidir como e por quem vai lutar. Quando se trata de uma mulher negra, que teve durante toda a sua vida seus direitos negados e luta muito para conquistá-los, isso não se trata mais só de um preconceito linguístico, se trata de misoginia e racismo.
Não por acaso, Adichie afirmou que se afastou do feminismo acadêmico. Sendo ele elitista, ortodoxo e racista, ela segue uma militância autônoma, quase que alternativa, um direito que é dela, mas que tem sido questionado devido ao seu desconforto com questões próprias do movimento LGBT, no geral vinculadas àqueles que se encontram sob a sigla T.
Como uma coletiva feminista radical não podemos deixar de mencionar que o feminismo radical não teve seu início e desenvolvimento dentro dos muros da academia – lugar onde até hoje não é aceito. Sua origem veio da prática e vivência de mulheres, majoritariamente lésbicas. Algo distante da realidade acadêmica e muito mais próximo da realidade material. Por isso, somos capazes de entender e respeitar a postura da Chimamanda.
Quando Chimamanda se declara resistente a esse modelo de feminismo acadêmico, ela se vê próxima da realidade que a cerca e encontra nela mais sentido para seguir sua luta feminista. Em sua resposta, ela afirma ter o cuidado para evitar o jargão do feminismo acadêmico: "Eu realmente não participo desse tipo de ortodoxia da linguagem e há uma parte de mim que realmente resiste a isso. Então eu resisto a ser cooptada por ele".
Por fim, frente ao exposto e a todos os ataques que a escritora vem sofrendo, torna-se cada vez mais evidente a aceitação e representação seletiva do movimento LGBT e como ele compromete a autonomia política de mulheres que se opõem a ele.Se o desconforto, incomodo e a opinião mulheres não são ouvidos dentro do movimento LGBT, então ele não é para mulheres.
Nesse momento, evidencia-sea necessidade de resgatar o princípio básico que nos uniu em torno de um movimento só para mulheres: a autodeterminação. Em ummundo patriarcal, capitalista e racista, uma mulher negra ativista é o que há de mais revolucionário e contra hegemônico. O feminismo é o movimento onde essas mulheres são ouvidas (ou pelo menos deveria ser), onde elas podem falar sobre suas realidades, seus corpos, suas lutas. É no feminismo radical que lembramos que nosso objetivo é a emancipação feminina e que não é nossa responsabilidade o sofrimento que homens causam uns aos outros.
(Foto : Reprodução)
Segue a baixo o link da entrevista que foi livremente traduzida neste texto: