sábado, 29 de agosto de 2020

29 de agosto: Dia da visibilidade lésbica.


 Em 29 de agosto de 1996 foi realizado no Rio de Janeiro o 1º Seminário Nacional de Lésbicas- Senale, e em alusão a esse evento, estabeleceu-se por ativistas lésbicas brasileiras  o dia 29 de agosto como o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica.


Nesse dia é importante destacar os inúmeros apagamentos e violências institucionalizadas inflingidas às mulheres lésbicas que enfrentam tanto o machismo quanto a misoginia.

No Brasil não existem políticas públicas para prevenção das IST's e à AIDS em mulheres lésbicas que, em decorrência disso, passam a vida inteira negligenciando a sua própria saúde, devido às inúmeras situações constrangedoras ocasionadas por profissionais que não foram capacitados no âmbito acadêmico e nem pelas instituições onde trabalham para lidarem com as vivências lésbicas.


Em 2018 foi publicado o Dossiê Sobre Lesbocídio no Brasil: de 2014 até 2017*, considerado um marco para a criação de um banco de dados com o objetivo de dar visibilidade a memória lésbica, o dossiê apresenta informações consistentes sobre lésbicas assassinadas e que cometeram suicídio,  apresentando assim, informações pertinentes que servem de base para o Estado instituir políticas públicas que protejam as vidas lésbicas. 


Meninas ao se descobrirem lésbicas experienciam o silenciamento da sua orientação sexual desde muito cedo no âmbito familiar, quando pessoas do convívio começam a reprimir indícios que se distanciam do padrão heteronormativo; e como subterfúgio, a menina lésbica pode começar a performar a feminilidade que lhe foi imposta desde antes do seu nascimento, passando a vida inteira em tentativas infelizes de relacionamento ideal norteado pelas diretrizes da sociedade patriarcal. Serão questionadas sobre a legitimidade de sua orientação afetiva/sexual, incitadas a entrarem em dúvida sobre suas próprias existências. As lésbicas não-feminilizadas são questionadas se gostariam de ser homens ou se não seriam homens trans, tendo assim a sua sexualidade violentada pela busca incessante da sociedade em adequá-las à  heteronormatividade.

E é por isso que o dia de hoje é necessário e deve ser lembrado e celebrado, como um movimento de resistência e de luta, em memória das lésbicas que já morreram e de todas nós que de algum modo enfrentamos invisibilidades nesse momento. 


*Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil: de 2014 até 2017/ Milena Cristina Carneiro Peres, Suane Felippe Soares, Maria Clara Dias. - Rio de Janeiro: Livros Ilimitados, 2018.


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